ECONOMIA - Especulador George Soros confirma tese de Mantega sobre guerra cambial / Fernando Eichenberg com Agências Internacionais
Ministro da Fazenda defende que países ricos retomem estímulo fiscal.
Em sua campanha contra a guerra cambial no mundo, o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, ganhou ontem um aliado inesperado: o megainvestidor - e especulador - George Soros.
Em artigo publicado ontem no jornal britânico "Financial Times", Soros afirmou que, quando Mantega diz que há hoje a guerra no câmbio latente, "não está longe da realidade".
Soros - que ficou conhecido como "o homem que quebrou o Banco da Inglaterra" ao lucrar US$ 1,1 bilhão com a desvalorização da libra, em 1992 - disse estar preocupado com o desalinhamento das moedas. Para ele, a solução para a crise está nas mãos da China, "que emergiu como líder global".
Mantega critica China por acumulação de reservas Em Washington para a reunião anual de Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (Bird), Mantega acusou ontem os países ricos de adotarem políticas equivocadas depois da crise financeira e favorecerem a guerra cambial. Para ele, países como Estados Unidos e Alemanha deveriam abandonar políticas monetárias agressivas - com baixas taxas de juros e injeção de recursos na economia - e retomar o estímulo fiscal para incentivar a criação de empregos e o consumo doméstico.
- A guerra cambial é um subproduto da lenta recuperação econômica em países avançados - disse Mantega.
- É a política do salve-se quem puder, jogar o problema para os outros. É preciso recolocar a política fiscal de estímulo direto à demanda e à criação de emprego, em vez de usar a guerra cambial, que nada mais é que uma disputa de mercados, que leva ao conflito comercial e ao protecionismo.
Mantega também criticou o comportamento da China, com sua "política de compra de reservas e limitação de capital estrangeiro, sem permitir a valorização de sua moeda". Ele vai levar essas questões hoje à reunião do Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC): - O fato de eu falar em guerra cambial chocou algumas pessoas. Só mencionei algo que já existia, mas era deixado debaixo do tapete. Agora já estamos discutindo abertamente o que é hoje a principal pauta da agenda econômica.
Reforma do FMI não beneficia totalmente os emergentes O ministro acredita na possibilidade de discutir um acordo coletivo na reunião do G-20 (que reúne as principais economias industrializadas e emergentes) em Seul, em novembro. Também em Washington, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, expressou preocupação com a guerra cambial, que está provocando desequilíbrios no mundo: - Este é um problema sério.
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