martes, 14 de julio de 2009

BRASIL UM PAIS FECHADO PARA O COMERCIO INTERNACIONAL

Talvez cause estranheza a classificação do Brasil como um dos países mais fechados do mundo para o comércio internacional feita pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), num estudo que examina até que ponto os países estão preparados para promover o comércio exterior e onde precisam avançar. Afinal, a abertura da economia brasileira à competição internacional, iniciada nos últimos anos da década de 1980 e intensificada no começo da década seguinte, permitiu o extraordinário desenvolvimento do comércio exterior do País.
Os números são expressivos. Entre 1988 e 2008, enquanto as exportações brasileiras passaram de US$ 33,8 bilhões para US$ 197,9 bilhões (aumento de 485%), as importações saltaram de US$ 14,6 bilhões para US$ 173,2 bilhões (aumento de 1.086%). Mas, a despeito desse avanço notável, o Brasil está muito mal classificado entre os 121 países analisados pelo WEF em seu recém-lançado Relatório Global da Viabilidade do Comércio. Ocupa apenas a 87ª posição, de acordo com o Índice de Viabilidade Comercial elaborado pela instituição.
O Brasil está na frente de países latino-americanos cujos governos adotaram políticas que inibem ou afugentam o investimento privado e o comércio externo, como Bolívia, Argentina, Equador e Venezuela. Mas está atrás de outros, como o Chile (19ª posição) e a Costa Rica (43ª). Entre os Brics, o Brasil só não é superado pela Rússia.
Apesar da abertura observada nos últimos anos, "o nível de proteção no Brasil continua relativamente elevado, em particular para os produtos agrícolas", observou o WEF. Além disso, é ruim a classificação do País na maioria dos itens que compõem o Índice de Viabilidade Comercial ? entre eles as regras para a circulação de bens e serviços pela fronteira, o sistema de controle alfandegário, a disponibilidade e a qualidade da infraestrutura de transportes e comunicações e o ambiente institucional para a realização de negócios.
Pesaram contra o Brasil as barreiras tarifárias, os altos custos alfandegários, a má qualidade das estradas, a corrupção e a ineficiência do governo. Em alguns itens, como rede de telecomunicações (telefonia móvel, disponibilidade de internet de banda larga, entre outros serviços), serviços relacionados a embarque de mercadorias e competência logística, o País obteve boa classificação.
O estudo destina-se a identificar, em cada um dos países analisados, onde estão os principais obstáculos para o desenvolvimento do comércio internacional e, como observaram seus autores, está sendo divulgado num momento marcante para a economia mundial.
O comércio internacional desempenhou, até recentemente, papel muito importante na disseminação do progresso e na redução da pobreza no mundo, graças às medidas adotadas por muitos países para facilitar sua expansão. Pode ser o caminho para a saída da crise mundial, mas o que se tem observado nos últimos meses é a adoção, por diversos governos, de medidas que tendem a reduzir o fluxo de bens e serviços entre os países e, assim, podem prolongar a crise.
"Com a crescente utilização do dinheiro público (para socorrer alguns segmentos da economia ou para estimular a atividade econômica), fica mais difícil agir de forma não discriminatória em relação às empresas e aos produtos estrangeiros", diz o estudo. Brasil, França e EUA estão citados entre os países que "distribuíram empréstimos generosos" para setores da economia. A Índia passou a exigir licença para a importação de determinados produtos e a Argentina fixou limites para a importação de peças.
Embora considere improvável que os países reajam como os EUA em 1930, quando elevaram as tarifas de importação em quase 50%, o WEF considera que o quadro atual pode criar riscos para o sistema de livre comércio. "Há um considerável espaço para aumentar a proteção sem tecnicamente quebrar as regras da Organização Mundial do Comércio ou violar os acordos internacionais", destacou.
O relatório do WEF tem o objetivo de apontar para os governantes os obstáculos ao avanço do comércio internacional que ainda não conseguiram eliminar ou que estão criando a pretexto de enfrentar a crise.

O CONSUMO E O CREDITO ULTRAPASSAM O NIVEL DE PRE-CRISE

Intenção de compra é a maior em 10 anos
Duas pesquisas mostram que a busca por crédito e os planos de consumo no trimestre ultrapassam o nível pré-crise
Márcia De Chiara e Ana Conceição
Duas pesquisas mostram que a disposição de ir às compras do brasileiro já voltou ao nível anterior à crise. Os brasileiros estão buscando mais crédito e devem comprar mais bens duráveis - de geladeiras a carros - nos próximos meses, o que reforça o cenário favorável à recuperação da economia no segundo semestre.
O Indicador Demanda do Consumidor por Crédito, preparado pela empresa de informações de crédito Serasa Experian, atingiu em junho 102,7 pontos, contra 101,2 pontos alcançados em outubro de 2008, quando foi deflagrada a crise financeira. "É a primeira vez que o indicador supera o patamar de outubro", diz o gerente de Indicadores de Mercado da Serasa Experian, Luiz Rabi.
Já o Índice de Intenção de Compras de Bens Duráveis, apurado pelo programa de administração do varejo Provar, da USP, e pela consultoria Felisoni Associados, revela que a disposição do consumidor para adquirir um carro zero ou uma geladeira, cresceu 20% no trimestre em relação ao mesmo período de 2008.

O indicador, que será divulgado hoje, mostra também que a intenção de levar para casa algum bem durável está no nível mais alto dos últimos dez anos para o período julho a setembro.
Duas razões explicam a mudança de ânimo dos consumidores: o aumento da oferta de crédito, com melhores condições de prazos e juros, e a maior confiança, especialmente entre os consumidores de baixa renda, na manutenção do emprego.
"A tendência é de recuperação do crédito", afirma Rabi. Ele destaca que o indicador da Serasa Experian, que é uma espécie de termômetro da demanda do consumidor por crédito porque leva em conta as consultas por CPF para compras a prazo, cresceu em junho 4% na comparação com maio. É a quarta alta consecutiva.
Apesar de superar o nível de outubro, porém, o índice de demanda por crédito ainda é 1,2% menor que o de junho de 2008. No semestre, acumula um recuo de 6,8% na comparação anual. Para Rabi, nos próximos meses o indicador deverá voltar para o terreno positivo em relação a 2008 e deverá fechar o ano empatado com o ano passado. Até dezembro, ele acredita que o índice poderá atingir o pico, de 114,3 pontos, alcançado em maio de 2008. Isso indica uma forte perspectiva crescimento do crédito no segundo semestre.
Essa também é a avaliação do economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo. "O cenário ainda é de incertezas, mas não está descartada a possibilidade de o varejo repetir neste ano o desempenho de 2008." O comércio varejista encerrou o primeiro semestre com recuo médio de 8% no volume de vendas a prazo e à vista ante 2008, segundo as consultas recebidas pela ACSP, pode fechar o ano empatado.

miércoles, 8 de julio de 2009

MUDANÇA DA ARQUITETURA ECONOMICA MUNDIAL - NOVA ENCICLICA PAPAL- CARITAS IN VERITATE

Papa pede mudança da ''arquitetura econômica'' e critica protecionismo
Em sua 1.ª encíclica social, Bento XVI diz ser necessário uma ?autoridade política mundial? e fala em reforma da ONU (Alexandre Gonçalves)
O papa Bento XVI publicou ontem sua primeira encíclica social - Caritas in veritate (A caridade na verdade) - propondo uma reforma da "arquitetura econômica e financeira internacional" baseada na liberdade pessoal e na responsabilidade ética. O anúncio ocorreu na véspera do encontro do G-8, que reúne os sete países mais ricos e a Rússia, a partir de hoje, na cidade italiana de Áquila.
Leia, na íntegra, a versão oficial em português do texto de Bento XVI
O papa alerta que a busca exclusiva do lucro acaba destruindo a riqueza, gerando pobreza, e aponta a recente crise financeira como exemplo. Os agentes econômicos deveriam, para ele, abrir-se ao princípio da gratuidade para garantir a própria sobrevivência do mercado.

Para mostrar qual é o conteúdo concreto deste princípio, Bento XVI utiliza exemplos. Critica o protecionismo agrícola e chama os países ricos a "recordar que (para os países pobres) a possibilidade de comercializar tais produtos (agrícolas) significa a garantia da sua sobrevivência". Ao mesmo tempo, afirma que "as sociedades tecnicamente avançadas podem e devem diminuir o consumo energético" antes das demais nações, pois reúnem as condições técnicas e humanas para isso.
Na mesma linha, o papa enumera compromissos que deveriam ser assumidos por empresários, trabalhadores, sindicalistas, consumidores, organizações não-governamentais, famílias e até grupos religiosos.
Bento XVI reconhece, no início do documento, que a caridade - outro nome do princípio da gratuidade - costuma ser considerada "irrelevante para interpretar e orientar as responsabilidade morais" na economia. Mas considera impossível qualquer tipo de desenvolvimento integral - e não apenas econômico - sem um novo humanismo que promova a solidariedade entre os homens e os povos.
O documento também sugere a necessidade de uma "autoridade política mundial" - dotada de um poder efetivo - para coordenar o processo de globalização. A instituição seria responsável por sanear economias atingidas pela crise, impedir seu agravamento, realizar um desarmamento integral, promover a segurança alimentar e a paz, garantir a proteção do ambiente e regular os fluxos migratórios. O papa afirma claramente a urgência de uma "reforma da Organização das Nações Unidas (ONU)".
O professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Antonio Carlos Alves dos Santos afirma que a encíclica não corresponde ao discurso tradicional de um teólogo católico. "Não apresenta uma condenação moralista da economia de mercado", afirma. Segundo Santos, Bento XVI não considera a economia de mercado um problema, mas a falta de critérios morais para a ação de agentes da economia. O documento defende, por exemplo, a reforma do mercado financeiro "depois da sua má utilização que prejudicou a economia real", mas não deixa de apontá-lo como um instrumento para "a produção de riqueza e desenvolvimento".
"As encíclicas anteriores valorizavam o papel do Estado na economia", aponta a historiadora e professora de Doutrina Social da Igreja do Centro Universitário da FEI, Marli Pirozelli Silva. "Bento XVI reconhece este papel, mas sublinha a subsidiariedade (o Estado atua quando pessoas e grupos são incapazes de resolver seus próprios problemas) e a solidariedade."
O coordenador do curso de economia da FAAP José Maria Ramos considera o papa alinhado às exigências da globalização. Ele recorda que os países do G-20, recentemente reunidos em Londres, apresentaram como primeira exigência do combate à crise a restauração da confiança. "Mas não apresentaram o caminho para restabelecer esse valor ético. O papa propõe um caminho."
TRECHOS DO TEXTO
"A crise obriga-nos a projetar de novo o nosso caminho, a impor-nos regras novas e encontrar novas formas de compromisso"
"É verdade que o desenvolvimento foi e continua a ser um fator positivo, que tirou da miséria milhões de pessoas (...). Todavia devemos reconhecer que o próprio desenvolvimento econômico foi e continua a ser afetado por anomalias e problemas dramáticos, evidenciados ainda mais pela atual situação de crise"
"Sente-se a grande urgência de uma reforma tanto da Organização das Nações Unidas como da arquitetura econômica e financeira internacional"
"As forças técnicas em curso, as inter-relações em nível mundial, os efeitos perniciosos sobre a economia real de uma atividade financeira mal utilizada e, em boa medida, especulativa, os grandes fluxos migratórios, com frequência provocados e depois não geridos adequadamente, a exploração desregrada dos recursos da terra, induzem-nos hoje a refletir sobre as medidas necessárias para dar solução aos problemas"
"A abertura à vida está no centro do verdadeiro desenvolvimento. Quando uma sociedade começa a negar e a suprimir a vida, acaba por deixar de encontrar as motivações e energias necessárias para trabalhar ao serviço do verdadeiro bem do homem"
"É importante sublinhar que o caminho da solidariedade com o desenvolvimento dos países pobres pode constituir um projeto de solução para a presente crise global, como políticos e responsáveis por instituições internacionais têm intuído nos últimos tempos"
"A globalização não é, a priori, nem boa nem má. Será o que fizermos dela"
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domingo, 5 de julio de 2009

MELHORA A CONFIANÇA NA INDUSTRIA BRASILEIRA

Confiança da indústria na economia volta a crescer, constata pesquisa Marli Moreira Repórter da Agência Brasil (29 de Mayo) 2009.
São Paulo - Pelo quinto mês consecutivo, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) na economia, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) aumentou e fechou maio em 89,6 pontos. O resultado é 6% superior ao de abril (84,5) e, segundo a nota técnica da FGV, “confirma a tendência de recuperação gradual do ritmo de atividade industrial após o forte declínio ocorrido ao final do ano passado”.
Foi a primeira vez neste ano que o resultado da sondagem ficou mais próximo da média histórica (99,1 pontos) depois de ter recuado para 74,7 pontos em dezembro do ano passado, informa o comunicado. A pesquisa foi feita com 1.075 empresas que empregam mais de mil trabalhadores, têm faturamento em torno de R$ 540 bilhões e com uma participação de 23,5% nas exportações.
A nota informa que, em maio, melhoraram tanto as avaliações sobre o momento atual quanto as expectativas para os próximos meses. O Índice da Situação Atual (ISA) teve aumento de 7,6%, passando de 86,5 para 93,1 pontos, diante de uma média história de 99,9 pontos. O Índice de Expectativas (IE) aumentou 4,4%, passando de 82,5 para 86,1 pontos.
O indicador sobre a satisfação com a situação dos negócios teve alta de 12,2%, com a pontuação passando de 77,1 para 86,5. De acordo com a FGV, o otimismo demonstrado pelos empresários com os próximos meses foi maior em comparação com o resultado das pesquisas realizadas desde outubro do ano passado. Das l.075 empresas ouvidas, 25,9% acreditam em melhora ante 18% da sondagem anterior. O número dos que preveem piora caiu de 28,1% para 27,1%.
Posted by ECONOMIA BRASIL at 8:48 AM 0 comments