sábado, 22 de enero de 2011

O BRASIL É UM PAIS CARO -POUCOS QUEREM FAZER TURISMO

ECONOMIA - Por que o Brasil é um país tão caro para estrangeiros?
Recentemente, o Estado publicou uma matéria dizendo que "comer fora em São Paulo é mais caro do que em NY" e que o Brasil tem os restaurantes mais caros do mundo.
Aliás, todos os estrangeiros que nos visitam dizem que o Brasil é um país muito caro.
Isso nos leva a indagar sobre o porquê dessas conclusões. Sem dúvida, a taxa cambial muito valorizada explica parte desses julgamentos. A carga tributária elevada que marca o Brasil, mais elevada do que nos EUA, que têm um PIB muitíssimo superior ao nosso, pode ser considerada outro fator que eleva os preços em nosso país. Não se pode deixar de acrescentar ainda o elevado custo do crédito bancário, em razão de uma taxa básica de juros que está entre as maiores do mundo, se não, a maior.

No entanto, todos esses fatores não seriam suficientes para colocar o Brasil entre os países onde é mais caro viver. De fato, temos uma situação privilegiada quanto ao custo de produção, especialmente no que toca aos produtos alimentícios, por causa das condições climáticas e da produtividade alcançada graças ao suporte tecnológico dado à agricultura. Temos de lamentar que uma política do BNDES, de nos tornar o maior produtor de carne do mundo, tenha levado a uma internacionalização dos preços desse produto.
Por outro lado, nossa produção agrícola sofre um handicap, essencialmente no que diz respeito à infraestrutura de transporte. No centro da produção, por exemplo, está a soja, com um custo imbatível, vantagem anulada com o transporte por caminhão para um porto pessimamente equipado. E isso acontece com muitos outros produtos, com exclusão talvez do minério de ferro. Finalmente, há o custo imposto por leis trabalhistas ultrapassadas, ao qual se acrescentam o da burocracia e o de uma produtividade muito baixa, em um grande número de setores.
Convém, todavia, para explicar os preços elevados do Brasil, levar em conta fatores que são tipicamente nossos, como uma margem de lucros excessiva em relação à de numerosos países: os lucros do bancos, por exemplo, constituem uma ilustração do fenômeno, que não é exclusivo das instituições financeiras.
Um outro fator mais sutil é o hábito do comércio, numa economia em que as vendas a prestações são generalizadas, de fixar preços à vista embutindo neles os juros das vendas a prazo, como se verifica com a dificuldade que se tem de obter descontos quando se paga em cash. Tudo isso explica por que o Brasil atrai tão poucos turistas estrangeiros.

jueves, 13 de enero de 2011

EXPORTACIONES DE AGRONEGOCIOS DE BRASIL CORRESPONDEN A US$ 76,6 MILLARDOS

AGRONEGÓCIOS - Altas de preços animam governo a prever um novo salto das exportações brasileiras / Mauro Zanatta
Animado com o novo recorde histórico de US$ 76,44 bilhões das exportações do agronegócio em 2010, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, estima que as vendas externas devem ficar acima de US$ 85 bilhões em 2011.
"É bastante razoável esperar um crescimento acima de 10% neste ano, já que na última década crescemos 14%. Ainda é uma expectativa, uma meta, mas é possível", disse ontem em seu gabinete.
A previsão do ministro está amparada na elevação de quase 15% nos preços médios dos embarques no ano passado, algo que deve ser mantido neste ano, mesmo com a "guerra cambial" desatada após a crise financeira global iniciada em 2008. "A 'guerra cambial' não deve continuar e o câmbio deve ficar mais equilibrado neste ano. Teremos uma safra cheia e um recorde de receita de R$ 187 bilhões", afirmou Rossi. "As condições cambiais eram piores no ano passado. E o produtor tem capacidade para enfrentar câmbio e logística adversas". Rossi mostrou desagrado com a manutenção da tarifa contra o etanol nacional nos Estados Unidos. "Estamos frustrados, mas é um ato de soberania. É errado proteger um setor incompetente, que dizer, ineficiente", criticou.
O ministro aposta na manutenção dos custos de produção e na continuidade do avanço "significativo e exponencial" das exportações em 2011. Além disso, estimou, os preços médios devem seguir em alta por causa da demanda mundial aquecida e dos sinais de forte consumo doméstico. Produtos como óleo de soja, carnes, açúcar, café, milho e algodão devem continuar em ascensão. "Mesmo com a redução na receita do complexo soja, em 2010 tivemos aumento no sucroalcooleiro, em carnes, café, milho e produtos florestais", afirmou o ministro.
Os principais blocos e países parceiros do agronegócio nacional elevaram as compras no Brasil em 2010. A Ásia aumentou 17% suas aquisições - a China, 23%. A União Europeia comprou mais 27% e a Rússia, 46%. No Oriente Médio, o Irã comprou mais 86% e o Egito, 70%. Na América Latina, a Venezuela elevou em 36% suas aquisições.
O superávit comercial da balança do agronegócio também deve crescer em 2011, previu Wagner Rossi. No ano passado, o saldo cresceu 14,8%, para US$ 63,05 bilhões. Mantida a tendência, deve saltar a US$ 70 bilhões. "O superávit cresce seis vezes na última década. E ainda ajudamos a cobrir o déficit comercial da indústria e dos serviços".
A balança de 2010 confirmou a expectativa de grande destaque para as vendas externas de açúcar. Novamente liderados pela soja em grão e seus derivados (óleo e farelo), os embarques mostram que o segmento sucroalcooleiro superou as vendas do complexo carnes, voltando a ocupar o segundo lugar no ranking do Ministério da Agricultura. Embora mantido na ponta das exportações setoriais, o complexo soja perdeu espaço. Os embarques somaram US$ 17,1 bilhões, 0,8% abaixo de 2009. Sua fatia nos embarques do campo caíram de 26,6% para 22%.
Nem mesmo o expressivo aumento das cotações internacionais no segundo semestre impediram um recuo nos preços médios do grão e do farelo. As cotações do óleo se expandiram, mas não o suficiente para compensar a retração no complexo. Em um cenário melhor do que a soja, os embarques de açúcar registraram preços médios 32,2% acima de 2009. Como o volume exportado também engordou (15,3%), a receita da commodity atingiu US$ 8,38 bilhões - 52,3% acima de 2009, o que levou os embarques totais do segmento sucroalcooleiro a US$ 13,77 bilhões, um salto de 41,8%. Foi a maior expansão entre produtos ou grupos com superávit superior a US$ 1 bilhão.
Fonte: Valor Econômico (13/1/2011

EXPORTACIONES DE BRASIL - 43% SON COMMODITIES

PROPORÇÃO - Cinco commodities garantem 43% da exportação do Brasil / Sergio Lamucci
Comércio exterior: Demanda chinesa e perda de fôlego das economias desenvolvidas explicam movimento.

O processo de concentração da pauta de exportações brasileira em poucos produtos primários avança rapidamente. Em 2010, as vendas de cinco commodities - minério de ferro, petróleo em bruto, soja (grão, farelo e óleo), açúcar (bruto e refinado) e complexo carnes - responderam por 43,4% do valor total exportado pelo Brasil, uma fatia bastante superior aos 27% de 2004. O maior destaque é o minério de ferro, cuja participação subiu de pouco menos de 5% para mais de 14%. Outra alta considerável foi a da fatia do petróleo em bruto, de 2,6% em 2004 para 8% em 2010, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
O boom dos preços de commodities nos últimos anos, puxado pela demanda de países asiáticos, é fundamental para explicar esse movimento, assim como o desempenho mais fraco no pós-crise dos países que normalmente compram mais produtos manufaturados brasileiros, como os EUA, num quadro de câmbio valorizado.
Para o economista-chefe do setor de integração e comércio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Mauricio Mesquita Moreira, há um inequívoco "efeito China" nos números. Mesmo depois da crise, o país asiático continuou a crescer a taxas elevadas.
"O perfil das exportações totais ficou mais parecido com a pauta para a China", afirma ele, citando especialmente o apetite chinês pelo minério de ferro e pela soja. Além disso, o aumento da importância do petróleo em bruto nas exportações totais se deve em parte à demanda chinesa. De janeiro a novembro (último dado disponível), o país asiático comprou US$ 3,9 bilhões do produto, alta de 214% sobre igual período de 2009.
Fonte: Valor Econômico (13/1/2011)